sábado, 25 de agosto de 2012

amnésia?


Hoje acordei e senti que era o dia, sim é hoje!

Vou contar-lhe, bolas. Já ando há 6 meses para lhe dizer o que sinto por ela, e hoje é o dia.
Vesti-me a correr, calcei-me e lavei-me. Desci para a cozinha, peguei num bolo e comi-o de enfiada.
Procurei as minhas chaves e corri para o carro, acho que ia ser a viagem mais distante e assustadora que já alguma vez tinha feito.
Tinha um conjunto de animais voadores a corroer-me o estômago, já para não falar nos nervos.

'E se ela se rir? E se ela fugir? E se ela me odiar?' - pensava eu para mim próprio.

Quando dei por mim estava a porta de casa dela e confesso que estou com medo.
A Chloe é a rapariga mais querida, especial, simpática e amiga que há no mundo e eu sou só um rapaz normal.
Apaixonei-me por ela desde o dia em que a conheci no supermercado, foi um episódio divertido. 
Chocámos um contra o outro e sem reparar-mos, trocámos os carrinhos de compras. Acabámos num café à beira da estrada, a beber cappucino.
Depois desse dia, começámos a sair e tão rapidamente, tornarmos-nos melhores amigos.
Mas eu sempre tive outro tipo de carinho para com ela, coisa que ela nunca soube, até hoje..
Agora estou parado no meu carro, com as chaves na ingnição e pensar se devo ir.

'Sê forte e tu consegues!' - recordei o que o Paul disse e saí do carro.

Dirigi-me para a porta do seu prédio, toquei à campainha e ela abriu. Antes que a deixasse falar disse:

'Eu amo-te e sempre te amei, desde o dia em que nos conhecemos! És tão especial para mim e sei que para ti não devo passar de teu melhor amigo, mas eu tinha de dizer isto, portanto ..' - gaguejei um bocado ao dizer isto e depois fechei os olhos, pois temia a sua resposta.

'Eu achei lindo o que me disseste mas.. quem és tu?' - disse ela.

O meu coração caiu juntamente com as minhas lágrimas e o meu queixo. Como é que ela não se lembrava de mim? Estaria eu enganado e tinha vivido até ali numa ilusão?
Depois olhei para cima do seu grande piano e lá estava, uma fotografia nossa a jogar bowling na noite do seu aniversário. Agarrei na fotografia e mostrei-lha mas ela pareceu confusa.

'Perdeu a memória? Tenho de a levar para o hospital e tentar entender o que se passa com ela' - pensei para mim.

Peguei nas chaves, agarrei-a no braço e meti-a dentro do carro. Ela estava tão frágil que desmaiou.
Fiz-me à estrada em direcção ao hospital e chegando lá, informei do que se tratava e uma mulher de estatura média, ruiva e de olhos castanhos, meteu Chloe numa maca e desapareceu para dentro de uma grande sala em tons agoniantes de verde-pastel e branco.
Sentei-me na pequena sala de espera, as lágrimas corriam-me pela cara e o cansaço era tanto que acabei por adormecer.

'Senhor, desculpe.. Senhor..' - ouvi uma voz dizer lá ao fundo.

Recuperei os sentidos e vi um rapaz de bata verde à minha frente.

'Como está ela? Já se lembra de mim?' - perguntei eu, meio atordoado.

'Ela já recuperou os sentidos mas eu quero falar consigo antes de entrar' - respondeu o enfermeiro.

'Diga, diga' - pedi eu, impaciente.

'A paciente sofre de uma doença que já ouviu falar de certo' - afirmou ele.

'Doença? Mas como? Ela nunca tinha estado assim!' - respondi eu, ficando impaciente.

'Por vezes não nos apercebemos, pois nesta doença não existem sintomas.' - disse-me ele - 'E a paciente sofre de amnésia.'

'Amnésia?' - perguntei eu de olhos arregalados.

'Sim, por isso é que ela se esqueceu de si quando a foi visitar.' - respondeu ele, dando-me uma palmadinha nas costas - 'E já pode entrar, ela está a sua espera.'

Levantei-me repentinamente e quase corri para a sala. Havia uma grande cama branca com uma rapariga que devorava um pudim.

'Liam, que bom estares aqui, já te informaram do meu problema, certo?' - questionou ela.

Afirmei com a cabeça e as lágrimas estavam prestes a cair.

'Olha, eu não sei o que é que tu foste fazer lá a casa mas eu tenho algo para te contar..' - afirmou.

'Diz?' - pedi eu.

'Bem, desde que te conheço que me apaixonei por ti. Pode parecer parvo e tu não gostares de mim da mesma maneira mas..' - antes que ela terminasse, tapei-lhe a boca com a minha mão.

'Eu fui a tua casa para te dizer exactamente o mesmo' - respondi.

Ela endireitou-se na cama, juntou-me a ela e beijou-me.

'Amnésia, dizem eles?' - gozei.

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