sábado, 25 de agosto de 2012

something new

Estava um dia chuvoso e acabava de ter uma enorme discussão com o meu irmão. Saí de casa a correr, com os olhos banhados por lágrimas que, juntamente com as grossas gotas de chuva, me cegavam por completo.
Sabia de um sítio onde iria ser bem recebida, queria chegar a casa dele, onde me sentiria segura.
O tempo passava lentamente por mim à medida que caminhava nas ruelas mas lá cheguei ao meu destino. Bati à porta, ouvi passos e depois uma voz que era reconfortante perguntou: "quem é?" e a minha voz fraca respondeu: "tu sabes".
O trinco da porta abriu e esta foi puxada para trás, vi um vulto correr rapidamente até mim. Uma pele quente juntou-se à minha pele gélida, num apertado abraço. O vulto retirou a camisola e enrolou-a à minha volta, e nesse preciso momento, os meus sentidos foram a baixo. Desmaiei, ali mesmo.
Sentia agonia, sentia frio talvez causado pelo medo não sei bem de quê. Sentia-me uma rocha, sentia-me vazia e um tanto confusa com o que se passava naquele sonho ou talvez realidade. Sombras com formas abstractas iam-se aproximando e apoderando-se do meu corpo vazio. Gestos sem sentido, palavras ditas em tom de socorro mas nada acabava com aquele sentimento. Uma sobra, com uma voz misteriosa e talvez doce disse "abre os olhos". No instante seguinte, senti partículas de luz entrarem no meu campo de visão aos poucos e poucos.
Uma silhueta encontrava-se sentada numa cadeira velha de madeira a uma curta distância de mim. Levantei-me da cama, sentia a cabeça andar à roda e destapei-me. Pus os pés no chão, mas ao tentar-me levantar não tive força nas pernas e caí sobre a cama. O mínimo barulho da queda acordou-o e olhou directamente para mim.
- "Como te sentes" - perguntou ele.
- "Melhor." - disse, mentindo. Por dentro, tinha algo que andava de um lado para o outro, sentia esta coisa na zona da minha barriga mas não sabia o que era. Era algo novo, algo que nunca tinha sentido até ali.
Ele dirigiu-se à cama, sentou-se a meu lado e pôs o braço em torno do meu tronco. A minha respiração acelerou. Outro sentimento novo? Não entendia o que se passava comigo. Senti os seus lábios quentes beijarem-me a testa, depois a ponta do nariz, de seguida a face. Os meus olhos fecharam-se automaticamente. Sentia-me quente como se estivesse com 40º de febre. Passado alguns segundos conseguia sentir a sua respiração junto da minha boca e ouvi "amo-te". Os nossos lábios juntaram-se e consegui perceber pela pequena palavra, aqueles sentimentos novos que me enervavam por não saber o que eram.

autoria de: Carolina Gomes

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